Sangue
Doença Hemorrágica
do Recém-Nascido
A vitamina K é uma vitamina essencial para a coagulação do sangue, mas a capacidade do corpo humano para a armazenar é baixa. As manifestações clínicas predominantes da deficiência de vitamina K são os sangramentos (hemorragias). O recém-nascido é mais susceptível a ter deficiência de vitamina K por ter menores reservas desta vitamina (durante o período da gestação, a vitamina K passa da mãe para o feto através da placenta, mas nem sempre em quantidade suficiente) e por o leite materno proporcionar um baixo aporte de vitamina K.
Nas primeiras semanas de vida a deficiência de vitamina K pode causar hemorragias que colocam em risco a vida do recém-nascido e do lactente durante um período que vai das primeiras horas após o nascimento até à 12ª semana de vida. Essa situação grave denomina-se de doença hemorrágica do recém-nascido.
Existem três formas de doença hemorrágica do recém-nascido (DHRN): forma precoce, forma clássica e forma tardia. A forma precoce da DHRN ocorre nas primeiras 24 horas pós-parto. A forma clássica da DHRN ocorre entre o segundo e o sétimo dia de vida. A forma tardia da DHRN ocorre entre a 2ª e a 12ª semana de vida. A administração de vitamina K – por exemplo, de fitomenadiona (vitamina K1 sintética) – é utilizada para a prevenção (profilaxia) e o tratamento das várias formas da DHRN. 1,2
PREVALÊNCIA
No recém-nascido de termo (36 semanas) a prevalência de DHRN, em todas as suas formas, é de 1,7%.3
SINAIS E SINTOMAS
A DHRN na forma precoce surge no primeiro dia de vida e está associada ao uso, por parte da mãe, de medicamentos (por exemplo, anticonvulsivantes ou anticoagulantes).
A DHRN na forma clássica ocorre, tipicamente, entre o segundo e o quinto dia de vida, e é mais frequente em bebés que não receberam vitamina K profilática logo após o nascimento e que são alimentados exclusivamente com leite materno. Manifesta-se através de hemorragias na pele (cutâneas), do aparelho digestivo, do nariz, do umbigo (cicatriz umbilical) e durante a circuncisão. Nesta forma de DHRN a hemorragia no interior do crânio (intracraniana) é pouco comum.
A DHRN na forma tardia, ocorre entre a 2ª e a 12ª semana de vida, em crianças a quem não foi administrada vitamina K após o nascimento e que foram alimentadas exclusivamente com leite materno; estas crianças podem também ter alterações da absorção da vitamina K (por exemplo, devido a diarreia ou doenças como hepatite, doença celíaca ou deficiência de ἀ1 antitripsina). Esta forma de DHRN tem como sua complicação mais frequente e grave, a hemorragia intracraniana, que é responsável por elevada mortalidade e graves sequelas a nível do sistema nervoso central (neurológicas). Pode, no entanto, manifestar-se também por hemorragias cutâneas ou do aparelho digestivo.1,2,3,4
TRATAMENTO
A administração de uma única injecção de vitamina K, por via intramuscular, logo após o nascimento, é eficaz na prevenção (profilaxia) da DHRN, na forma clássica e na forma tardia, e melhora o estado de coagulação num período de 1 a 7 dias. O tratamento das várias formas da DHRN é também feito com a administração intramuscular de vitamina K.1,2,4
(1) Puckett RM, Offringa M. Prophylactic vitamin K for vitamin K deficiency bleeding in neonates. Cochrane Database of Systematic Reviews 2000, Issue 4. Art. No.: CD002776. DOI: 10.1002/14651858.CD002776.
Acessível aqui.
(2) Figueiredo RCP, Norton RC, Lamounier JA, Leão E. Doença hemorrágica do recém-nascido na forma tardia: descrição de casos. J Pediatr (Rio J) 1998; 74(1): 67-70.
(3) Pediatria – Consulta Rápida – 2ª edição – Seção 01 – Capítulo 083 – Doença hemorrágica do RN.
Acessível aqui.
(4) Distúrbios hemorrágicos do recém-nascido.
Acessível aqui
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