Psoríase e Eczema

A psoríase é uma doença inflamatória que se manifesta principalmente na pele, mas que também pode atingir outras áreas do corpo, como as articulações ou as unhas. (1,2) É uma doença crónica, não contagiosa, que evolui de forma variável de doente para doente. A sua causa continua a não ser conhecida, mas estão envolvidos fatores genéticos (em 70% dos casos existe história de ocorrência familiar) e fatores ambientais (queimaduras solares graves, traumatismo físico, clima frio, stress, infeções, certos medicamentos). (1,2) A psoríase pode aparecer em qualquer idade, mas é mais frequente no adulto jovem. (1)

Eczema é uma erupção inflamatória da camada mais superficial da pele (a epiderme), aguda ou crónica, que se carateriza por vesículas, eritema*, exsudado**, formação de crostas, descamação*** e prurido (comichão). (1) Duas formas muito comuns de eczema são o eczema seborreico e o eczema atópico. (1)

PREVALÊNCIA

A psoríase é uma doença relativamente frequente que afeta cerca de 2% a 3% da população mundial e cerca de 25.000 portugueses. (1,2)

O eczema atópico afeta 10% da população geral e, em 90% dos casos, surge nos primeiros 5 anos de vida. (4)

SINAIS E SINTOMAS

Existem vários tipos de psoríase, em função das características das lesões da pele e de estarem ou não atingidas as unhas ou as articulações. (1) A forma mais frequente de psoríase é a psoríase em placas, caracterizada pela presença de placas rosadas ou avermelhadas, cobertas por escamas brancas ou de cor acinzentada ou prateada, por vezes acompanhadas de prurido (comichão). (1,2) As lesões são de dimensões variáveis e atingem, principalmente, a pele dos cotovelos, dos joelhos e do couro cabeludo; todavia, podem surgir em qualquer zona do corpo. (1)

A psoríase das unhas (psoríase ungueal) também é frequente e, habitualmente, associa-se a outros tipos de psoríase. (1) Raramente, a psoríase pode afetar apenas as unhas. (1) As alterações mais comuns das unhas são o descolamento parcial da unha do seu leito (onicólise), o espessamento da unha que fica amarelada, as alterações da cor e as irregularidades da superfície das unhas, por exemplo um ponteado na unha (depressões punctiformes), como se tivesse sido picada com um prego fino. (1)

A psoríase das articulações (psoríase artropática) caracteriza-se pela presença de inflamação de uma ou mais articulações (artrite), que provoca dor e limitação da função da articulação interferindo com a capacidade de executar movimentos. (1)

Existem outras formas mais raras de psoríase, como, por exemplo, a psoríase em gotas (em que as manchas de psoríase na pele são pequenas e dispersas no tronco como se tivessem caído gotas de chuva na pele), a psoríase pustulosa (as manchas ficam cheias de pus e dolorosas e ocorre também mal estar e febre) e a psoríase eritrodérmica, em que todo o corpo fica vermelho e a descamar sem se individualizarem as manchas da psoríase e sem, ou quase sem, se ver pele normal. (1)

O eczema seborreico (também designado por dermatite seborreica é uma doença da pele dependente das hormonas sexuais e, por isso, só ocorre no recém-nascido (que recebe hormonas da mãe) e após a adolescência. (3)

No recém-nascido o eczema seborreico surge sob a forma da chamada “crosta de leite” (acumulação de escamas oleosas aderentes ao couro cabeludo); nas formas mais extensas, as escamas surgem também nas pregas da face, pescoço, axilas e na área das fraldas. (3) A pele fica vermelha e com escamas gordurosas, mas causa pouca comichão. (3) Regride espontaneamente até aos 4-5 meses. (3)

No adolescente e adulto, o eczema seborreico surge, principalmente, em zonas que têm muitas em glândulas sebáceas (cabeça e parte superior do tronco). Em muitos casos surge no couro cabeludo, provocando a descamação a que, habitualmente, se chama “caspa”. (3) Surge também em partes do corpo ricas em pelos (sobrancelhas, bigode, barba) ou nas pregas (nas pregas da face em redor do nariz ou orelhas, nas axilas, virilhas, e sulco entre as nádegas), provocando vermelhidão, borbulhas, descamação oleosa e prurido (comichão). (3)

O eczema seborreico é mais frequente em pessoas com pele oleosa. Na maior parte dos casos, aparece de forma espontânea, mas pode ser potenciado por vários fatores, como o stress, o cansaço físico e as alterações do clima. (3)

O eczema atópico é um tipo de eczema com inflamação e muita comichão na pele. Por mecanismos vários a pele das pessoas com eczema atópico reage a vários estímulos que os outros indivíduos suportam perfeitamente sem desenvolverem eczema. (1,4) Surge, habitualmente, nos primeiros meses de vida e mais raramente em adultos jovens, mas pode também ocorrer no adulto. (4)

Na pessoa com eczema atópico ou nos seus familiares, em cerca de 80% dos casos, para além do eczema atópico surge também, ao longo da vida, asma e/ou rinite alérgica. À tendência para este tipo de doenças chama-se atopia e os indivíduos com atopia designam-se por atópicos. (4)
Os atópicos têm a pele seca e áspera e sentem prurido (comichão) quando transpiram, o que os leva a coçar permanentemente o corpo. (4) Em consequência, as crianças com eczema atópico têm insónias. (4)

Quando o eczema atópico surge nos primeiros meses de vida do bebé é habitual localizar-se na fronte e maçãs do rosto, no couro cabeludo e nas partes laterais de fora (externas) dos braços e pernas. (4) Nesta fase as lesões são avermelhadas e ásperas, mas podem progredir em pequenas borbulhas com líquido, crostas e descamação. (4)

A evolução é irregular, alternando períodos de agravamento e melhoria; o eczema atópico pode regredir totalmente durante o segundo ano de vida ou prosseguir durante a infância, com características algo diferentes (o eczema fica mais seco com pele vermelha e áspera e a descamação e localiza-se sobretudo nas pregas dos cotovelos e joelhos, pulsos e a parte dorsal das mãos e pés). (4)

O eczema atópico tende a regredir até ao início da adolescência, mas alguns doentes ficam as lesões da pele durante muito mais tempo ou voltam a aparecer na idade adulta (onde, para além das localizações da infância, são principalmente afetadas as pálpebras, lábios, mamilos, área dos órgãos sexuais e as mãos). (4) Dada a deficiência da sua barreira de proteção da pele, os atópicos sofrem, com mais frequência, infeções da pele por vírus (moluscos contagiosos, verrugas vulgares e herpes simples) e bactérias (impétigo vulgar) e a sua pele torna-se mais seca e desenvolve eczema em ambientes quentes e muito secos e no contacto com detergentes fortes (sabões, champôs ou detergentes domésticos ou profissionais). (4)

TRATAMENTO

Existem diversas modalidades de tratamento que ajudam a controlar a psoríase, mas não a curam: medicamentos tópicos*, medicamentos orais, tratamento com raios ultravioleta (fototerapia). (1,2) A terapêutica tem de ser individualizada, consoante o tipo de psoríase e os tratamentos previamente efetuados, a existência de outras doenças associadas (diabetes, hipertensão arterial, colesterol elevado) e também consoante as capacidades do doente e o impacto que a psoríase pode ter na sua qualidade de vida. (1,2)

O tratamento básico de todos os tipos de eczemas é semelhante: são usados medicamentos tópicos, neste caso corticoides tópicos (os corticoides são potentes agentes anti-inflamatórios), cuja potência e veículo (ex. creme, pomada) dependem da fase do eczema e da sua localização corporal. (1) Os eczemas muito agudos ou muito extensos podem tratar-se com corticoides em comprimidos, administrados por via oral. Nos indivíduos atópicos é importante a higiene da pele e na sua hidratação regular. (1,4)

 

Notas:
*Eritema é uma vermelhidão congestiva da pele por dilatação dos vasos capilares, que desaparece temporariamente com a pressão.
** Exsudado é um produto seroso, purulento, composto de células, proteínas e outros materiais, que passa através das paredes de um vaso para os tecidos adjacentes, resultante de processo inflamatório ou infecioso.
*** Descamação é a queda ou eliminação das camadas superficiais da pele (epiderme) sob a forma de escamas mais ou menos espessas.
****Medicamento tópico é um medicamento que se aplica diretamente sobre uma região do corpo.

(1) INFORMEmente – Guia Essencial para Jornalistas sobre Saúde Mental. Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde MentalSetembro 2016. Acessível aqui.
(2) Braz Saraiva C, Cerejeira J (coordenadores). Psiquiatria Fundamental. Lidel, Lisboa; Novembro de 2014.
(3) Fundação Portuguesa de Cardiologia. Acessível aqui
(4) Portal da Saúde Mental. Acessivel aqui
(5) Transtorno de Ansiedade Generalizada. Acessível aqui
(6) Programa Nacional para a Saúde Mental. Saúde Mental em números – 2013. Lisboa: Direção Geral da Saúde; 2013.
(7) Bauer M, Pfennig A, Severus E, Whybrow PC, Angst J, Möller HJ; World Federation of Societies of Biological Psychiatry. Task Force on Unipolar Depressive Disorder. World Federation of Societies of Biological Psychiatry (WFSBP) guidelines for biological treatment of unipolar depressive disorders, part 1: update 2013 on the acute and continuation treatment of unipolar depressive disorders. World J Biol Psychiatry. 2013 Jul; 14(5): 334-85.

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