Hiper pigmentação
As patologias de hiperpigmentação da pele (pele anormalmente escura) mais comuns são o melasma/cloasma, as efélides (designadas vulgarmente por “sardas”), as lentigens solares e as hiperpigmentações causadas por uma inflamação da pele (hiperpigmentações pós-inflamação). (1-3)
Melasma/Cloasma
O melasma/cloasma é uma forma adquirida e comum de hiperpigmentação da pele que afeta as áreas do corpo expostas ao Sol e surge com mais frequência na face. (1-3) Pode causar problemas estéticos graves (3) e ter um impacto significativo sobre a qualidade de vida. (1)
Os principais fatores de risco e/ou exacerbação do melasma/cloasma são a exposição solar intensa (quer a luz ultravioleta, quer a luz visível podem agravar o melasma/cloasma e mesmo induzir a sua perpetuação) (1,5), alterações hormonais – devidos a uso de contracetivos orais, à gravidez (por isso o melasma/cloasma também é conhecido por “máscara da gravidez”) ou a tratamentos hormonais de substituição (após a menopausa) (5) – tratamento com medicamentos anti-epilépticos, doença da tiróide, terapêutica com medicações fototóxicas e predisposição genética. (2)
Efélides
As efélides (designadas vulgarmente por “sardas”) e as lentigens solares constituem uma manifestação comum da exposição ao Sol nos indivíduos de raça branca (caucasianos); surgem menos nos indivíduos com pele mais escura. (1)
As efélides (“sardas”) ocorrem em áreas do corpo expostas ao Sol, em particular na face, dorso das mãos e parte superior do tronco. (1)
Lentigens Solares
As lentigens solares ocorrem em 90% da população caucasiana com idade > 60 anos e a sua incidência aumenta com a idade avançada. (1) São mais comuns em indivíduos caucasianos, mas também ocorrem em asiáticos. (1)
Hiperpigmentações Pós-inflamatórias
Hiperpigmentação pós-inflamatória (HPI) é um escurecimento da pele que ocorre após uma erupção inflamatória ou lesão da pele. (1) Os indivíduos com pele mais escura têm maior predisposição para desenvolverem HPI. (1)
A história clínica destes doentes pode incluir qualquer tipo de inflamação ou lesão anterior da pele, por exemplo acne (acne vulgaris), exantemas virais, eczema, psoríase, picadas de artrópodes ou um traumatismo. A forma mais comum de HPI é a HPI que aparece após acne vulgaris ou tratamento agressivo desta. (7)
PREVALÊNCIA
Melasma/Cloasma
O melasma/cloasma afeta milhões de pessoas a nível mundial. (1-3)
Lentigo (Lentigem) Solar
As lentigens solares ocorrem em 90% da população caucasiana com idade > 60 anos e a sua incidência aumenta com a idade avançada. (1)
SINAIS E SINTOMAS
Melasma/Cloasma
Caracteriza-se por manchas (máculas) castanhas claras a escuras, bem delimitadas, com bordos irregulares. De um modo geral, as manchas (máculas) distribuem-se simetricamente na regiões central da face (região frontal, lábio superior é mento), malar e mandibular, (1-3) mas podem também surgir nos antebraços. (1,4) Pode ocorrer em ambos os sexos, em pessoas de todas as idades, raças e tons de pele (4) mas predomina no sexo feminino: pelo menos 90% das pessoas afetadas são mulheres, na maioria em idade reprodutiva. (1-3) Pode causar problemas estéticos graves (3) e ter um impacto significativo sobre a qualidade de vida. (1)
Efélides (“Sardas”)
São manchas (máculas) bem demarcadas, redondas, ovais ou irregulares, de cor parda clara, geralmente com diâmetro < 5mm (em geral, de 1 a 3 mm), que surgem na infância em zonas da pele expostas ao Sol, em particular na face. (1, 3) São muito frequentes nas pessoas de pele clara e nas pessoas ruivas e tendem a desaparecer no Inverno e na idade adulta. (3) Podem aumentar em número e distribuição e mostrar tendência para confluência, mas podem também desaparecer ao longo do tempo, com o envelhecimento. (1)
Lentigens
O lentigo (lentigem) solar (plural = lentigens solares) é uma mancha (mácula) com 2 a 3 cm de diâmetro, bem circunscrita, redonda, oval ou de forma irregular, com pigmentação homogénea ou variável, de cor acastanhada ou enegrecida, com superfície plana ou deprimida, que surge em áreas expostas ao sol – face, antebraços, dorso das mãos e parte superior do tronco. (1,3)
Diferença entre Efélides e Lentigens Solares
Quer as efélides (“sardas”), quer as lentigens solares, são manchas (máculas) pigmentadas que ocorrem em resposta à exposição solar, mas nas lentigens as manchas (máculas) têm maior tamanho e são em menor número, comparativamente às efélides, e aumentam de número com a idade, enquanto nas efélides diminuem. (3) Além disso, as efélides ocorrem em indivíduos de pele muito clara, enquanto que as lentigens ocorrem em todos os tipos de pele. (3)
Hiperpigmentações Pós-inflamatórias
Caraterizam-se pelo aparecimento de manchas (máculas) acastanhadas, difusas ou localizadas nos locais onde antes se encontravam as pápulas e pústulas do acne. Se não forem tratadas podem persistir durante meses ou anos. (6)
TRATAMENTO
Melasma/Cloasma
Para prevenir o aparecimento de melasma/cloasma, as mulheres que usam contracetivos orais e as grávidas não se devem expor à luz solar sem utilizar um fator de protecção solar elevado (≥ 40). (3) No caso das grávidas, na maioria dos casos, o melasma/cloasma desaparece após o parto mas pode voltar a surgir gravidez seguinte ou com o uso de contracetivos orais. (5)
O tratamento de primeira linha do melasma/cloasma continuam a ser os medicamentos despigmentantes tópicos (tópicos = de aplicação local) (1,4) O tratamento de segunda linha é a descamação química (“peeling” químico), em conjunto com os despigmentantes tópicos , ou isoladamente; no entanto, tem de ser usada de forma cautelosa para não provocar hiperpigmentação pós-inflamatória (HPI). (1) A laserterapia e a fototerapia são tratamentos promissores mas, tal como a descamação química, correm o risco de causar HPI. (1)
Efélides e Lentigens Solares
No tratamento das efélides (“sardas”) e das lentigens solares o tratamento de primeira linha, tal como no caso do melasma/cloasma, continua a ser os medicamentos despigmentantes tópicos (1,4). Pode também ser utilizada a crioterapia e cirurgia a laser. (1)
Hiperpigmentações Pós-inflamatórias
No tratamento da HPI o tratamento de primeira linha, tal como no caso do melasma/cloasma, das efélides e das lentigens solares, continuam a ser os medicamentos despigmentantes tópicos (1,4). Podem também ser utilizada a descamação química e a laserterapia. (1)
1. Vashi NA, Kundu RV. Facial hyperpigmentation: causes and treatment. Br J Dermatol. 2013 Oct;169 Suppl 3:41-56.
2. Kwon SH, Hwang YJ, Lee SK, Park KC. Heterogeneous Pathology of Melasma and Its Clinical Implications. Int J Mol Sci. 2016 May 26; 17(6).
3. Gutiérrez EQ, Collantes DS. Dermatologia Básica em Medicina Familiar. Lidel. Lisboa. Março de 2011. Págs 45-46.
4. Ball Arefiev KL, Hantash BM. Advances in the Treatment of Melasma: A Review of the Recent Literature. Dermatol Surg. 2012 Jul; 38(7 Pt 1): 971-84.
5. SPDV
6. Chandra M, Levitt J, Pensabene CA. Hydroquinone therapy for post-inflammatory hyperpigmentation secondary to acne: not just prescribable by dermatologists. Acta Derm Venereol. 2012 May; 92(3)
7. Shankar K, Godse K, Aurangabadkar S, Lahiri K, Mysore V, Ganjoo A, et al. Evidence-based treatment for melasma: expert opinion and a review. Dermatol Ther (Heidelb). 2014 Dec; 4(2): 165-86.
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